LAVAMOS A ALMA! TERÇA QUEREMOS MAIS

20.000 torcedores que compareceram ao Independência sábado, naquele horário indecente de 9 da noite, receberam o prêmio que o time estava devendo há muito tempo: uma exibição primorosa, que a gente não via nos últimos anos. Na goleada de 1 x 0 no Grêmio o time finalmente mostrou organização, absoluto domínio do meio campo. Se o primeiro tempo terminasse 3 x 0 seria normal, pelas oportunidades perdidas, especialmente por Gilberto. Desta vez, transpiração e inspiração atuaram juntas, enchendo o torcedor de orgulho. Ganhamos 80% das divididas, na categoria, na moral ou na raça. Chamou atenção a sintonia entre defesa e meio campo, longe daquela desafinação geral de um passado recente e que nos matava de desencanto. 

Reflexo deste novo Cruzeiro é o item escanteio. Aos 18 do segundo tempo, Machado cobrou corner fugindo da rotina de mirar a cabeça dos zagueiros grandões ou as mãos do goleiro. Inovou abrindo para a entrada da grande área, com a bola caindo nos pés de Bruno Rodrigues que de primeira, num semi voleio, mandou para as redes.

Um novo time surgiu também no momento dos escanteios contrários quando, de vez em quando, a gente levava gols de atacantes com altura de pau pra amarrar jegue, na expressão do historiador Eduardo Silva. Contra o Grêmio, nos 20 minutos finais, nossa defesa suportou com firmeza a reação gaúcha antecipando-se em todas as cobranças. Isto se chama treinamento.

Agora falta pouco: Nikão e Gilberto se lembrarem como se joga futebol e termos mais sangue frio na pequena área adversária.

Amanhã, no mesmo local, será a partida de volta contra o Náutico, pela Copa do Brasil. O jogo começa 1 x 0 pra eles. Será difícil, mas se jogarmos como sábado serão grandes as chances de revertermos a situação.

BATE PAPO NO QUINTAL 

1. Show “viking” da torcida – Não estava previsto. Finda a espetacular exibição azul contra o Grêmio os torcedores cruzeirenses, sorvendo a emoção, permaneceram nas arquibancadas como à espera de um extra. Os jogadores perceberam, iniciando logo a comemoração gestual que marcou a arrancada do time rumo ao título da Série B.  O técnico Pepa, que viu o espetáculo pela primeira vez, resumiu: “É de arrepiar”.

2. Ranking da Folha e a incrível Nação Azul – A gente custa a acreditar, mas é a verdade: mesmo após amargar 3 anos seguidos na B, com os cofres arrombados, o Cruzeiro continua mantendo a hegemonia fora do eixo Rio-São Paulo como aponta o tradicional Ranking Folha publicado ontem:

1º. Flamengo – 1.233 pontos

2º. Palmeiras – 1.092

3º. São Paulo – 980

4º. Corinthians – 949

5º. Santos –  903

6º. Cruzeiro – 847

7º. Grêmio – 800

8º. Internacional – 780

9º. Vasco – 757

10º. Atlético – 699

Obvio, o Ranking está sendo festejado pelos atleticanos que, pela primeira vez vêm, neste ranking, o seu Clube entre os 10 primeiros do Brasil.

3. Zezinho – engrossando a campanha do Rômulo, que pretende comparar pulga com elefante, ou seja, as conquistas do Cruzeiro em 1966 com o título conseguido pelo Atlético, em 1937, promovido por uma Federação pirata, fuzila:

“Caro Rômulo, sinto desaponta-lo, mas, esquece, pode aviar recurso até para o STC (Supremo Tribunal Celestial) que o Dalai nunca dará o braço a torcer! Afinal, só existe um time em toda galáxia que conseguiu “vencer” o binômio “Tsunami/Pandemia”! É muita vaidade…”

Meu caro Zezinho, brincando, brincando você reconheceu uma verdade: No mundo, entre grandes clubes, o Cruzeiro foi o único que, antes da pandemia, foi arrasado por um tsunami. Ao ser rebaixado para a B, exatamente por causa do rombo em seus cofres e na administração, demorou dois anos juntando cacos pra conseguir se levantar. Finalmente de pé, lutando em igualdade de condições, pôde reagir no terceiro ano, sendo até o campeão da Série B.

Em toda a galáxia, você tem razão, isto só aconteceu com o Cruzeiro.

4. Jamicel dá tiro de canhão e mata este assunto de 1937. Em texto antológico, alicerçado nos fatos, mostra o absurdo que seria comparar o título conquistado pelo Atlético com a façanha do Cruzeiro em 1966. Não tem base. E resume tudo num parágrafo:

“Em relação à comparação da Taça do Brasil de 1966 e a conquista de 1937, há diferenças abissais, só comparáveis à Fossa das Marianas, o local mais profundo do nosso planeta.”

Como não sabíamos e o Google ensina, a Fossa das Marianas é o local mais profundo dos oceanos, atingindo uma profundidade de 10.984 metros. Localiza-se no oceano Pacífico, a leste das ilhas Marianas, na fronteira convergente entre as placas tectônicas do Oceano Pacífico e das Filipinas.

E aí, Rômulo, quer ainda argumentação mais profunda que esta?

5. Manuel Panhame, por iniciativa dos Deuses do Olimpo, foi elevado ao Supremo Patamar, cuja qualificação maior é situar-se acima do bem e do mal. Com isto, assim como 007 tem licença pra matar, o historiador atleticano tem licença pra sonhar, podendo transformar em realidade um percentual dos seus sonhos. Fez logo uma original e criativa escolha: criou um Atlético virtual, que atua junto ao original, mas sempre com um desempenho superior ao adversário. Não perde nunca, vence todas. Vontade de fazer o mesmo com o Cruzeiro.

6. Gelvane de Melo Cardoso cravou dois dias antes do jogo contra o Grêmio:

“Dalai, contra o Grêmio o Cruzeiro precisa fazer o dever de casa. Simplesmente, precisamos ganhar!”

Boa, Gelvane! E pra amanhã, contra o Náutico? Ganhar outra vez!

7. Olivia Vieira, atleticana, entende que títulos em campeonatos brasileiros antes de 71 foram equiparados ao de campeão do Brasileiro por razões políticas, a fim de que Pelé tivesse uma láurea desta. Por isonomia, credenciaram também outros clubes.  Manifesta-se contra aquela decisão, mas…

“… se a regra vale para um, tem de valer para todos, por isso sou a favor do reconhecimento do Atlético como campeão de 37”.

Olivia, não entra nessa campanha liderada pelo Romulo, que é fria. Esses títulos, como de 1966, outorgados pela CBF têm tanto a ver com o de 1937 reivindicado pelo Atlético, como uma águia tem com um tamanduá.

GARIMPO

“As pessoas mais interessantes são os homens que têm futuro e as mulheres que têm passado. ”

(Oscar Wilde)