PROCURA-SE UM CENTROAVANTE

O nosso, Gilberto, vai completar inacreditável “façanha”: um turno inteiro sem marcar um gol! E com destaque negativo ao perder a bola na nossa intermediária, no último minuto da prorrogação contra o Corinthians, permitindo contra ataque e gol de empate. No histórico, gols perdidos naquela situação em que a gente pensa: até nossa vó faria!

O América que, hoje às 8 da noite, enfrenta o Vasco no Independência (jogo adiado, pela 15ª. rodada) será o nosso próximo adversário e Zé Ricardo tem semana cheia pra repensar conceitos, remontar o time, reforçar o treinamento de escanteios e bolas paradas, mas, principalmente, “preencher” de fato a camisa 9 pra que a gente deixe de entrar com 10 em cada jogo.

Em 99% das equipes, centroavante é homem-gol, a referência na área, aquele que pega a bola e levanta a arquibancada… Com o Cruzeiro, desde a saída do Edu, estamos órfãos neste valioso segmento. A solução já testada, com êxito, seria Rafael Elias, ex-Papagaio, hoje no DM. Lá está também o nosso tão esperado armador, Matheus Pereira, contundido praticamente na estreia.

A Nação Azul espera que Zé Ricardo tire um coelho da cartola. Sem dar chances para o outro Coelho.

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Aleluia! Mineirão é nosso por 3 anos – Até que enfim, parece que o bom senso está prevalecendo: a destinação do Mineirão não é ser palco permanente de shows. Fosse assim, seria outro o projeto. Com o tempo, as circunstâncias, não desejadas por ninguém, acabaram gerando um imbróglio difícil de ser solucionado pelo vulto dos interesses envolvidos. Mas quando o peso de cabeças-duras é superado pelo peso de boa-vontade, os bons caminhos aparecem.

2. Ainda Rafael Cabral – com total respeito aos que pensam diferente, o debatido gol sofrido no jogo contra o Fluminense e que causou nossa derrota faz-me recordar lição antiga de um professor: três cegos de nascença foram colocados diante de um elefante e desafiados a, com apenas um toque, descrever o que estava ali. Um pegou a pata e disse logo que era uma torre redonda; outro, a orelha e definiu que era uma cartilagem; finalmente, o terceiro, pegando a cauda, decretou que era uma cobrinha. Quantas vezes, sem perceber, incorremos no mesmo julgamento apressado, confundindo a parte com o todo! O nosso goleiro, em derrotas por um gol defensável na opinião de alguns (e de todos, no caso do gol do Hulk) é massacrado por críticos que não levam em conta os “gols feitos” perdidos bisonhamente pelos atacantes durante partida que poderíamos ter vencido por 3 x 1 ou 4 x 1 não fosse a deficiência técnica. Erros crassos na definição de jogadas no último terço do gramado, debitando-se ao goleiro a culpa isolada por derrotas, num lance único, como se o jogo se resumisse ali.

Nos últimos dias, a novidade sobre o lance surreal veio de Marcelinho Carioca, PhD no assunto, cumprimentando o uruguaio Leo Fernandez e concedendo-lhe a privilegiada honraria de “Pé de anjo”, exclusiva de quem calça menos de 37 e tem a fórmula secretíssima de bater na bola (sem dar efeito aparente!), fazendo-a seguir em linha reta por uma fração de segundos (suficiente para o goleiro se reposicionar) e em seguida desviar de rota…

Quem sabe o El Niño explica?

3. Luiz Barcelos discorda do blogueiro quanto ao jogo contra o Fluminense:

“… parece que vimos jogo diferente. O que eu vi tinha um William assustado, um Nikão estático, um Vital inexistente, um Wesley medíocre e um Gilberto se borrando de medo do Felipe Melo. Um técnico medíocre que manteve o time recuado, rifando a bola, tomando sufoco e que em 45 minutos não deu um chute em gol”.

Meu caro Luiz Barcelos, você não está sozinho neste protesto. Recebi dezenas de contestações, inclusive do neto editor-revisor. Posso, mesmo, estar equivocado, mas dei relevância especial a alguns fatores: era apenas o segundo jogo sob o comando de Zé Ricardo, ambos fora, e vinhamos de excelente exibição contra o Santos; O adversário é uma das melhores equipes do campeonato; Tomamos um sufoco, mas perdemos pelo placar mínimo, com um gol que a metafísica vai demorar pra explicar. Enfim, na minha opinião o resultado estava dentro da previsibilidade e da lógica. Não nego as péssimas atuações destacadas por você, mas mantenho esperanças neste elenco, depois do DM esvaziado.

4. Marcos Mineiro, na mesma linha, desabafa:

“Ficamos à procura de justificativas para o mau futebol do Cruzeiro. Perdeu, mas jogou bem; perdeu, mas amassou o adversário… Sempre assim, no entanto perdeu. Ponto. Já nem falo mais de Gilberto ou de um ou outro. Todos, sempre (com raríssimas exceções) jogam mal (…) não conseguimos aproveitar nenhuma bola parada – escanteio, falta, etc.”

Meu caro Marcos, dou-lhe meia razão. Temos um bom meio campo, inclusive com dois dos melhores laterais do Campeonato (Marlon e William) e Lucas Silva surpreende positivamente a cada partida. 3 ou 4 vêm de fato destoando e parece que nem entram em campo. Torcemos para que Zé Ricardo tenha essa mesma leitura.

Quanto a escanteios, não estamos mal: nosso primeiro gol contra o Santos surgiu de escanteio muito bem cobrado por Lucas Silva e aproveitado por Jussa, de cabeça. Aguardemos a cobrança de faltas sem esquecer de que já fomos “time de condomínio”.

5. Eduardo Silva, cirúrgico, observa que seis jogadores do Fluminense foram amarelados por fazerem cera. Fato sintomático. Imprescindível na análise do jogo.

6. Casa portuguesa – Quem já visitou Portugal certamente encantou-se com a beleza do País, a sóbria administração e com Algarve, visto em toda Europa como um paraíso e o melhor lugar do mundo pra curtir a aposentadoria. Mas há outro destaque: o jeitão abrutalhado do português médio, sobretudo em Lisboa, nos contatos com brasileiros, o que não acontece em Porto, por exemplo. Na semana que passou, separados por milhares de quilômetros, dois técnicos portugueses tiraram a máscara da cordialidade natural: o atual técnico do Botafogo, Bruno Lage, nervoso, reagiu com palavrões à terceira derrota consecutiva, com direito a murros na mesa. Agiu como se estivesse no vestiário, motivando jogadores. Ficou longe do equilíbrio e serenidade que verdadeiros comandantes expõem exatamente quanto mais embaraçosa é a situação. Enquanto isto, nas Arábias, o ex-técnico botafoguense Luis Castro, agora dirigindo o Al-Nassr, embora seu time houvesse vencido, deixou bruscamente a sala de entrevistas, esbravejando alto contra o coordenar que apenas avisara sobre o término do tempo.

Quem sou eu? Quem é você? Será que nos conhecemos?

Em priscas eras de machismo, felizmente hoje em estado de extinção, certas relações conjugais tinham conhecida e perigosa fórmula de teste: se quer saber quem é a esposa, separe-se dela; se quer saber quem é a amante, case-se com ela.

7. Sub-20 espetacular! –  Depois de perder o primeiro jogo por 3 x 1 para o Atlético, o sub-20 azul descontou com o mesmo placar, ontem na Toca-2 e a decisão foi para os pênaltis. Mais uma vez não demos chance ao adversário e convertemos todas as cobranças que pararam  na quarta, porque o Atlético só fez 1.  Placar final 4 x 1. A decisão do campeonato mineiro da categoria será contra o Coimbra, que eliminou o América.

8. Rafael Rocha vem aí – A próxima coluna dia 28, última do mês, como de hábito será escrita pelo meu neto editor-revisor (às vezes torcedor impaciente). De novo aquela visão renovada, ousada, de fatos enfocados até então por lentes talvez embaçadas. Ou, como fuzilou um integrante de grupo social, “a coluna do Rafael é um oásis no terrível deserto” mantido pelo blogueiro. A conferir.

GARIMPO

“Se cada chato plantasse uma árvore não tava esse calor todo.”

(Ricky Hiraoka)