SUSTO, REAÇÃO E LIÇÕES NO SUL!

O primeiro tempo foi pra esquecer: 70% de posse de bola e apenas uma finalização! Os terríveis “passes pra ninguém” voltaram com força, junto com aqueles cruzamentos direto nas mãos do goleiro. A Caldense vencia por 1 x 0, desde os 12′ e dominava o meio de campo. Este filme a gente vinha assistindo a dois anos.  Conhecemos de cor e salteado. E não vale a pena ver de novo!

No segundo tempo, surgiu outro Cruzeiro. As alterações promovidas levaram Pezzolano a receber da Itatiaia o troféu de Melhor em Campo. Alento valioso para um time em formação. Mas a vitória no último minuto, dramática pelas circunstâncias, não pode apagar nossos erros no primeiro tempo. Nem sempre teremos oportunidade de compensar no segundo, falhas gritantes no início. Não se joga fora, impunemente, um tempo inteiro. Pelo que apresentaram sábado, em Poços de Caldas, Rafael Santos, Bidu, Daniel (sub-20) e Edu merecem continuar no time para nova experiência de jogo. Se comprovados, será hora sem dúvida de começarmos a decorar um time titular. 

Dentre as lições do sul de Minas, a instabilidade emocional de nossos jogadores tem de merecer capítulo especial. Domingo, contra o América, o Troféu Nervosão foi dado a Wagninho, nos primeiros 15 minutos do jogo. Ele pediu desculpas pelo vexame. Vamos torcer pra que tenha aprendido.  Sábado, nos últimos minutos, coube a Giovanni mostrar que a tensão continua no grau máximo, aparentemente sem razões porque, aos poucos, o Clube vai entrando nos eixos. É só lembrar do que éramos e como estamos. O mais perigoso desse estado emocional é que ele coloca a falta – embora desnecessária – como primeira opção de nossos defensores.  Os riscos triplicam.

Depois de amanhã, quarta, às 19h30 (novo horário, arrancado na marra!), outro teste importante contra o Democrata. Tomara que o Cruzeiro jogue nos dois tempos!

BATE PAPO NO QUINTAL

1. Escanteios – Pode ser coincidência, mas no jogo contra a Caldense o Cruzeiro abandonou a tática boba de manter dois jogadores ao lado da bola, denunciada neste QUINTAL, com o apoio de vários comentaristas. E foi além, apertou os treinos e provou isto nos últimos minutos do jogo de sábado:  João Paulo cobrou com eficiência (na área, mas afastando do goleiro), Maicon ganhou no alto, de cabeça, e a bola caiu na zona do agrião, onde Edu não costuma esperdiçar.

2. Fala, Ronaldo! Em live, após o jogo contra o América, Ronaldo posicionou-se como administrador seguro, experiente, cônscio de suas responsabilidades de condutor de um grande Clube:

“Temos de arregaçar as mangas e nos preparar para a luta, contra tudo e contra todos. Sem mimimi. Uma movimentação como esta que estamos fazendo incomoda muita gente…”

3. Sem Paciência, outro exímio “manobrista de palavras” na barraca atleticana, sentindo a dificuldade de tampar sol com peneira, investe na confusão:

“Confrontado com o absurdo de lançar dúvidas sobre TODOS os pênaltis a favor do Atlético serem injustos, o Dalai se retratou! Disse: “Não são todos. Vcs me entenderam mal. São TODOS os estratégicos (sem definir o que são os estratégicos…) ”

Meu caro Sem Paciência, não procure refúgio na ampla caverna dos “mal-entendidos”.  Você não precisa dessa muleta. Sabe muito bem que “pênaltis estratégicos” são aqueles que definem o resultado de um jogo decisivo. Uma classificação.  Esses é que são, historicamente, oferecidos de presente ao Atlético, em troca de um punhado de faltas, que não são faltas, marcadas no meio de campo em favor do adversário, pra figurar “imparcialidade”.

4. Assalto à mão armada – A equipe de arbitragem que atuou no Cruzeiro x América, incluindo-se o 4º. Árbitro, merecia ter saído do Mineirão algemada, lavrando-se B.O.

A revisão dos lances revolta até não cruzeirenses. Os três mais graves, a meu ver: 1) anulação do gol legítimo; 2) o extremo clubismo do 4º. Arbitro: chamou atenção do juiz para os tapas de Wagninho e silenciou sobre o tapão desferido por Patric, que gerou o condenável revide. Teria recebido, no mínimo, cartão amarelo e seria expulso, na sua comemoração do gol em frente a comissão técnica azul. 3)  no fim do primeiro tempo: Wiliam Oliveira fez falta em Welington Paulista que, caindo, chutou o rosto de nosso volante. Agressão explícita, pra cartão vermelho sem qualquer dúvida. O árbitro fingiu que não viu. 

5. Cabine Alberto Rodrigues – A Rádio Itatiaia batizou a suas instalações no Mineirão com o nome dessa lenda da radiofonia brasileira.  Homenagem mais do que justa, contando com o aval da Nação Azul. Falando em transmissões esportivas, é preciso proclamar: temos, disparado, os melhores do Brasil: Alberto Rodrigues e Pequitito.

6. Pepe Legal – faz advertência séria: se continuarem os assaltos à mão armada, ao sol de meio dia, o Atlético pode se prejudicar, pois a FIFA irá intervir:

“Vocês podem perder os títulos que conquistaram recentemente (…) Digo isso como visão estratégica de futuro, não como ameaça… se continuar a farra, um dia alguém em Zurique vai se preocupar com o próprio futuro e iniciar uma investigação…”

Não é praga do Pepe, é observação.

Permitam-me um conselho ao Atlético, dono de excelente elenco e que não precisa de forças nem ocultas nem explícitas: pra manter o DNA criminoso, contentem-se como punguistas. Eliminem os assaltos à mão armada.

7. Itamar sem medo de falar a verdade:

“Podem até reclamar do lance do impedimento. Realmente, o gol foi legal. Agora, da expulsão? Wagninho achou que estava no ringue, que o esporte era boxe. ”

Itamar, ninguém aliviou para o Wagninho. Fez um papelão. Mas a turma do apito deveria deixar o estádio algemada.  

8. Pepe Legal/2 retorna pra reproduzir twitter do jornalista Guilherme Piu:

“Equipe de arbitragem de Cruzeiro x América foi afastada. Profissionais estão na “geladeira” e farão reciclagem. Comissão de Arbitragem da FMF confirmou erro na anulação do gol e que W. Paulista deveria ter sido expulso. ”

9. Luiz Gonzaga de Barros sublinha os pontos positivos da noite de quarta-feira, com destaque para a torcida e a garra dos que ficaram em campo. E encerra: 

“Que bom o desastre ter acontecido no início da temporada. ”

É isto, Luiz, penso assim também.  Temos de tirar lições importantes do jogo contra o América: controle emocional, melhor disposição da defesa e apurar a troca de passes.

1o. Galo Forte, maldoso, quer saber sobre a divulgação da tabela do Mineiro. A liderança agora é do Atlético e estamos em quarto lugar. Vamos aguardar cinco rodadas e conversar de novo sobre tabela?

Quanto ao time, aponta falhas indesmentíveis. Mas faz previsões sombrias com as quais não podemos concordar porque ainda estamos em formação. Nem todos que serão titulares estrearam. Vejo evolução no conjunto e qualidade técnica superior à do ano passado, se bem que piorar seria impossível. Há razões pra otimismo, apesar das dificuldades a serem vencidas. A pujante participação da torcida reforça essa perspectiva.  Agora temos ordem, dentro e fora do campo. Sumiram as notícias de corte de energia e salários atrasados.

11. Atleticano volta ao tema – quitar ou negociar – desta vez explicando melhor as suas críticas sobre o comando azul. Quando questiona se Ronaldo pagou as dívidas ou negociou refere-se a situações pretéritas onde não honramos os parcelamentos acertados. Até exemplifica com o caso do zagueiro Caicedo, conduzido por SSR.  Ao que consta, Ronaldo tem levado com seriedade absoluta os compromissos assumidos daí a minha colocação da desimportância de saber se houve quitação ou negociação. A divergência deu-se porque Atleticano ao se referir a negociações focava o tipo daquelas assumidas e não honradas. O que não é o caso. Acho que nós dois temos razão.

12. Mecão das Gerais reaparece em grande estilo, reconhece os erros de arbitragem, e faz um desafio:

“ O América hoje é mais time que o Cruzeiro e mesmo que o árbitro validasse o gol anulado, isso não seria garantia de vitória cruzeirense, pois o Mecão poderia sim muito bem virar a partida ao longo do jogo. ”

Concordo. Frequentemente, times ganham de virada. E hoje o América está melhor que o Cruzeiro, ainda em formação. Mas agora, entrando na futurologia, concorde comigo:  até os 15 minutos iniciais o Cruzeiro estava melhor em campo. Se validado o gol, que era legítimo, talvez nem houvesse a expulsão de Wagninho.

13. Manuel Panhame, historiador, afirma surpreendentemente para este blogueiro, que a vitória do Atlético sobre o Palestra Itália, em 1927, foi na decisão do campeonato mineiro. Disponho de informações de que era jogo amistoso e atuamos com reservas. Como se trata de fato relevante, pois é a réplica usual atleticana pra atenuar o 6×1, o historiador fica notificado de que dispõe do prazo de três luas cheias pra confirmar oficialmente ou negar sua afirmação.

14. Laner de Lucena Murad pincelou assim a noite de quarta-feira no Mineirão:

“… mesmo com a derrota, me emocionei ao final do clássico, quando a china azul aplaudiu de pé nosso escrete que, mesmo perdendo, mostrou muita luta, garra, comprometimento com o Cabuloso. ”

Laner, também senti assim e escrevi na coluna de quinta.

A esperança está voltando!

15. João de Deus Filho, após merecidas férias, retorna ao QUINTAL e, meio sem ritmo, faz retrospecto dos últimos jogos, carregando a mão contra o Cruzeiro:

“a choradeira está se tornando rotina pra clubes que não conseguem os resultados esperados. Vão atirar pra todos os lados, tentando acertar alguém…”

João, todos de sua barraca podem ter este enfoque apaixonado, menos você, nosso Guru da Racionalidade! Impossível ignorar o “arrastão” ocorrido no Mineirão, quarta-feira, no jogo contra o América.

16. Pedro não entrega fácil os pontos! Se lutasse boxe, após saraivada de golpes, nocauteado, no chão, pediria sucessivas recontagens pra se declarar vencido. Diz ele, no caso dos aborígenes:

“não foi a sociedade australiana que deu direitos aos aborígenes, foram eles que conquistaram, como qualquer direito no mundo. ”

Pedro, quantas populações raciais, étnicas ou religiosas, mundo afora, sofrem desumana opressão ainda em nossos dias! Os governos que fazem o mea culpa e acabam com essa injustiça gritante devem, sim, ser aplaudidos.

Mas é no caso da “transparência” a ser exigida de Ronaldo, que você ganha fácil o “Troféu Velhinha de Taubaté”.  O ex-craque deveria informar quanto tem de fato disponível pra investir, qual o seu saldo bancário, quais são as suas expectativas, a curto, médio e longo prazo, passadas em Cartório, por escritura pública, e, nas discussões com credores, quanto pretende fazer de oferta inicial e qual o valor máximo que suportaria pagar.

Pedrinho, se quiser vender um imóvel e se eu tiver condições, gostaria de negociar, contando com a sua “transparência”.

17. Jorge vem logo apoiar o parceiro:

“Eu acho esse negócio de transparência uma bobagem. Atrapalha os “negócios” como diz o Dalai. Veja por exemplo a contratação do Rodriguinho. Todo mundo ficou espantado querendo saber como Itair conseguiu contratar o jogador a custo zero, como anunciado…”

O raro leitor e a rara leitora que chegaram até aqui (com licença do Kfouri) terão amostra, agora, do arsenal de silogismos falsos, manobrado por uma das mais perigosas duplas da barraca atleticana. O “case Rodriguinho” correu o mundo em seminários anticorrupção, inclusive patrocinados pela FIFA. Absurdo é pouco, para qualifica-lo. Contrato mantido em sigilo por Wagner/Hermínio/Itair só foi conhecido após a renúncia forçada dos dois primeiros, já sem Itair no Clube. É um dos mais danosos estragos do tsunami.

A dupla fatal – Pedro/Jorge –  mistura “contrato” de Rodriguinho com a aquisição do controle acionário por Ronaldo, ou seja, borboleta com forno micro-ondas e exige divulgação ampla e irrestrita!

18. Jorge/2 retorna com o seu já famoso liquidificador de temas. Colocou lá as três colunas anteriores, a “fuga“ do Mineirão no “3 x 3” em 1967, a final do campeonato de 2018, a comentarista de arbitragem Janette Maria Arcanjo, a gestão de Ronaldo comparada com o Botafogo e, até, as placas tectônicas. Depois, liga a tomada.

No caso de Jorge, a solução, claro, seria a sua ida para o Porta dos Fundos, mas ele conversou com Hulk antes de fazer proposta de salários e a situação está complicada.

Vamos continuar torcendo e suportando! 

Falemos sobre as placas tectônicas, último dos temas levantados. Elas estão se mexendo. Lentamente, mas se mexem, por força de fatores externos:  reconstrução (penosa, mas efetiva) do Cruzeiro; a força da Nação Azul; 4 Rs e, ultimamente, ego incontornável de El Turco.  A observar.

19. Trocando as mãos pelos pés – Meu caro Rafael Cabral, em nome de 9 milhões de torcedores quero lembrá-lo: você não está proibido de pegar a bola com as mãos ou dar chutão, se for o caso!

20. Sonhos –  Tive o prazer de almoçar há dias com integrantes de organizadas que participaram de nosso planejamento para a disputa da Série B e do que chamamos de “reeducação social”. Emocionante viagem a um recente passado. Tudo naquele curto espaço após a queda de Wagner Pires & Cia. e antes da inesperada chegada do Covid. Muitos sonhos.  E sem limites, pois a gente acreditava possível levar nossa torcida, durante os jogos, a encarnar um exemplo cívico:  manter silêncio e respeito, nos minutos de silêncio e ante o hino nacional, ouvido sempre de pé.

Quem sabe, um dia?

GARIMPO

“ Quando não souberes para onde ir, olha para trás e saiba pelo menos de onde vens. ” 

 (Provérbio africano).